25 março, 2011

Que beijinho doce

Estamos lançando oficialmente o espaço masculino do Casamentoetal, com a crônica "Que beijinho doce" do meu querido avô Rivaldo Cavalcante, escritor paraibano, internauta legítimo e casado a mais de 50 anos com Dona Zilda, minha vózinha!

Vô, um beijo. Obrigada pela sua isnpiração.

O beijo tem sido louvado, amado, praticado e cantado de muitas maneiras; por todas as pessoas dos cinco continentes. O beijo se constitui forte elo de união, pois, não existe outra forma mais positiva, bela e sentimental de testemunhar amor, do que através do beijo.  Sem beijos o mundo seria ôco.

Para as crianças os beijos são afagos divinos. Para os adolescentes, são tentações filosóficas. Para os jovens, são fontes de inspiração e portas para a entrada do amor (e às vezes do pecado). Para os adultos os beijos significam chamas do amor sem fronteiras. Para os anciãos, são carícias puras à moda antiga.

 O mais pérfido dos beijos foi o que marcou a traição deJesus, pelo Seu discípulo Judas Iscariotis. O beijo da Mulher Aranha ficou conhecido como "o beijo fatal". O mais asqueroso dos beijos foi o do Drácula. O pior dos beijos é o beijo da morte. Credo!

Apesar de todo modernismo, atualmente beijamos muito mais, porém, amamos muito menos. Logo  ao nascermos somos profusamente beijados, como gatinhos de pelúcia. Beijar é dar testemunho de ternura, carinho, amor, respeito e consideração.

A origem do beijo é remota.  Antigamente o beijo era praticado às escondidas, à meia-luz, por baixo dos panos ou atrás de cortinas, portas e até debaixo das camas. Modernamente se pratica o beijo a qualquer hora, lugar ou situação. O beijo deixou de ser uma “cúmplice contravenção social”, para se tornar um prazer, sem censura,  acessível à todos os adeptos desde que isto lhes agrade e não escandalize a moral pública. O beijo é um poema inspirador.

De forma mais afoita o beijo ganhou terreno e seguiu seu vitorioso caminho, fazendo histórias e inspirando corações apaixonados. Insinuam que foi um maluco quem inventou o beijo. Mas os beijoqueiros rebatem tal injúria, afirmando que o inventor do beijo foi algum arlequim loucamente apaixonado por alguma colombina doida e solteirona.

O beijo transpôs barreiras e derrubou tabus. Ninguém se reprime mais na hora de testemunhar amor através de uma  beijoca. Para praticar o beijo não há contra indicações médicas. Interessante é que apezar da sensualidade do beijos na hora h, os casais fecham os olhos para beijar. Que mania esquisita; beijar de olhos fechados!

Se alguém está com vontade de morrer, basta beijar e ser beijado e o desejo desaparece por encanto. O beijo termina sendo um grande desafio fricoteiro, nocauteador das tensões.
Há várias qualidades de beijos. Eles podem ser secos, rápidos, gostosos, sem-vergonha, exibicionistas, clandestinos,  rapidinhos, carinhosos, silenciosos, espertos, bobos, demorados, estrepitosos, molhados, ardentes, interesseiros, comprometedores, apáticos, sublimes, vulgares ou simplesmente sociais pro forma, sem azeite nem condimentos, Se todo mundo vivesse se beijando, não teríamos guerras,  nem fome, desemprego e miséria, nem balas perdidas.

Interessante é que o inventor do beijo, esqueceu-se de patenteá-lo e deve está perdendo uma fortuna incalculável em direitos autorais. Beijar virou uma prática social para quem gosta de uma das melhores coisas deste mundo.  “Paz e amor”; “Faça amor e não a guerra!” Daí pra frente o mundo inteiro assumiu o beijo, como sendo uma cumplicidade capaz de selar amizades e torná-las sagradas e perenes.

Dentro das práticas humanas, o beijo dos idosos é o que mais ressonância produz em seus corações. Eles sentem mais profundamente o virtuosismo de beijar com ternura e amor. Os jovens julgam que dominam todo encanto desses momentos sublimes, de doação mútua. Por isso, quase que banalizam esta invenção milenar, sem se darem contas de que existe neste ato, certa luminosidade que vai além dos nossos sentidos, que só os corações generosos e apaixonados sabem compreender. Beijo é coisa muito séria.

O beijo já inspirou compositores, escultores, cineastas, escritores e amantes. Melodias imortais ecoam pelo mundo afora, como “A Lenda do Beijo”, uma das mais belas já produzidas; outras enaltecendo o beijo que estão nas paradas de sucessos. O cinema notabilizou o beijo sob todas as formas. As novelas da televisão tornaram-no banal, devasso e atrevido. Um dos beijos mais notáveis do cinema está no filme “E o Vento Levou”. Referencial de perfeição artística e sentimental.

Mandamos beijos para lugares distantes, de várias maneiras. Sempre que termino uma carta, mando “Mil beijos”, ou “Um beijão  do tamanho do Lago Paranoá"

O beijo está massificado e para praticá-lo nem é preciso ser poliglota. O beijo é como uma semente boa; quanto mais regada mais exuberante se desenvolve! É também provocativo. Provoca ciúmes, mortes, fricotes,  prisões, vexames, pressão alta, correrias, bate-boca e até cenas hilariantes.Mas o beijo não é só louvação. 

Há quem acredite que o beijo ajuda a emagrecer, pelo consumo de calorias que queima. Outros analistas avaliam que os beijos ardentíssimos podem diminuir a vida em torno de três minutos. Já os aficionados pela ciência do beijo, afirmam que o beijo “prolonga a vida”, libera as emoções, aumentando a vitalidade do organismo: nessas horas o coração bombeia mais sangue, reduzindo-se os riscos de doenças circulatórias, da vesícula e do estômago.  Atenção cardíacos.

Depois desta síntese sobre o beijo, vale lembrar que o assunto não está esgotado. O beijo pelo seu meritório valor unificante e pacificador, merece páginas e mais páginas de comentários sobre sua atuação no metabolismo das pessoas. Então, louvemos os beijos ardentes; para entronizarmos o amor nos  nossos corações.  O beijo é o emissário do Amor!

Crônica publicada no Jornal da Paraíba, dia 23-7-92

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